A comida do coração ou comfort food sempre existiu, mas virou tendência de uns tempos para cá nos Estados Unidos, onde é conhecida também por pleasant food (comida prazerosa).
São pratos que nos remetem à tenra infância, associados a aromas e sabores que nos fazem viajar no tempo e dão a sensação de segurança emocional, mesmo que por alguns momentos e de forma inconsciente.
Cada país – e cada pessoa – tem a sua comfort food. Pode variar de acordo com a época e o lugar em que se viveu, cercado pela família e amigos de infância. É considerada uma derivação da comida caseira, aquela preparada pela sua mãe ou avó. Lembra? Vai da simples dobradinha ‘queijo Minas com goiabada’, passa pelo famoso brigadeiro, pela pizza, pela canja de galinha, chegando a elaborados pratos de cozidos ou peixes. É uma lembrança prazerosa.
Simplicidade é tudo
Quem não se apaixonou por Rémy, o ratinho chef de cozinha do filme Ratatouille, nome do célebre refogado de legumes francês que, no desenho animado, conquistou o coração do temido crítico de restaurantes. Rémy tem razão e está muito na moda com seu slogan: Keep it simple.
Prestar atenção na alimentação funciona com fonte de autoconhecimento e busca de uma vida melhor e mais equilibrada
Em relação a comfort food, o que importa é a individualidade e o reconhecimento instantâneo pelo cérebro assim que se depara com o alimento familiar. É importante, porém, não confundir com os vícios da idade adulta, do gênero Coca-cola light e cafezinho.
Longe de casa, perto do coração
Você cresce, casa, muda de emprego, de cidade, de país. É cada vez maior o número de pessoas que se afasta do círculo familiar – zona de conforto – em busca de novas oportunidades. Para piorar, a estressante rotina nas grandes metrópoles com seus trânsitos caóticos, excesso de trabalho, falta de tempo e, sobretudo, solidão, faz com que a busca por esse tipo de alimento seja instintiva.
O ato de comer preenche espaços, inclusive os do coração. Mata a saudade e engana a angústia. A atenção deve ser redobrada, porque o que alimenta a alma nem sempre é bom para o corpo. Para ser saudável, a comida da infância, lugar que fica na memória como símbolo de segurança e força depende do passado e da memória gustativa de cada um. Um exemplo fácil: hamburger pode ser comfort food!
A nutricionista Luciana Costa, de São Paulo, recomenda que o consumo do comfort food seja direcionado para alimentos saudáveis, funcionais e naturais, oferecendo bem-estar e qualidade de vida. “Devemos lembrar que o aumento da incidência de doenças coronárias, pressão arterial, obesidade e outras, estão ligadas à má alimentação”, explica.
Comfort foods devem ser consumidos com cautela, como qualquer outra comida, para proporcior sensação de bem-estar e não o aparecimento de doenças. Porém, segundo Luciana Costa, há uma vantagem: “O lado excelente desse gênero de comida é a possibilidade de resgatar alimentos naturais e saudáveis que há muito foram esquecidos ou trocados pelos industrializados. Como os sucos naturais, as frutas da “fazenda”, bolos que podem ser incrementados com aveia ou uva-passa”, explica.